ATA DA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 28.03.1990.

 


Aos vinte e oito dias do mês de março do ano de mil novecentos e noventa reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Sexta Sessão Ordinária da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino Besson, Gert Schinke, Giovani Gregol, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Alvarenga, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Mano José, Nelson Castan, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos, Wilton Araújo e Heriberto Back.  Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Leão de Medeiros que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura da Ata da Quinta Sessão Ordinária que, juntamente com a Ata da Quarta Sessão Ordinária da Primeira Sessão Solene, foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Edi Morelli, 03 Pedidos de Providências, pelo Ver. Ervino Besson, 13 Pedidos de Providências; 01 Indicação; pelo Ver. José Valdir, 01 Projeto de Lei do Legislativo n° 15/90 (Processo n° 475/90); pelo Ver. Omar Ferri, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. Vieira da Cunha, 01 Pedido de Informações. Ainda foi apregoado o Projeto de Lei Complementar do Executivo n° 05/90 (Processo n° 551/90). Do EXPEDIENTE constou Carta da Associação Comercial de Porto Alegre. A seguir, o Sr. Presidente informou o Plenário acerca da forma como será encaminhada a promulgação da Lei Orgânica de Porto Alegre. Após, foi aprovado Requerimento verbal do Ver. Clóvis Brum, solicitando a inversão dos trabalhos, passando-se ao período de PAUTA. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram, em 1ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Executivo n° 17/89; os Projetos de Lei do Legislativo n°s 11/89; 101/89, este discutido pelo Ver. João Dib; Projetos de Lei do Executivo n°s 107; 111; 116; 117/89; 02; 13/90, este discutido pelos Vereadores João Dib e Adroaldo Correa; o Projeto de Resolução n° 06/90. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Luiz Braz discorreu sobre o artigo 20 da Constituição Estadual, que estabelece prazo para a demarcação dos territórios dos municípios de Viamão e de Porto Alegre, ressaltando os poucos estudos realizados até o momento a esse respeito. Atentou para os reflexos da inexistência dessa demarcação, falando, em especial, sobre a situação em que se encontra a comunidade da Vila Santa Isabel, que ainda não possui uma delimitação definitiva. O Ver. Airto Ferronato analisou a Medida Provisória n° 165, do Governo Federal, referente ao bloqueamento de valores relativos a aplicações a curto prazo. Comentou projeto de lei que encaminhará à Casa, viabilizando a doação ao Município dos recursos que se encontram bloqueados pela Medida n° 165, cujo resgate não seja do interesse do investidor. O Ver. Ervino Besson comentou denúncias feitas, ano passado, acerca da falta de diversos medicamentos nas farmácias da Cidade. Declarou que esse problema vem se agravando, analisando as conseqüências deste fato, que envolve diretamente a saúde da nossa população. Solicitou medidas da Casa a respeito. O Ver. Heriberto Back reportou-se ao pronunciamento do Ver. Ervino Besson, acerca da falta de medicamentos. Teceu comentários sobre acidente ocorrido, ontem, com sua filha, que, após ingestão indevida de remédio, não recebeu o adequado atendimento no Hospital Presidente Vargas, repetindo-se fato semelhante, hoje pela manhã, com outra paciente, no mesmo hospital. Solicitou providências deste Legislativo visando a solução do problema. O Ver. Wilson Santos falou sobre os pronunciamentos efetuados na Casa, acerca do atendimento médico-hospitalar oferecido à comunidade porto-alegrense. Destacou que os serviços básicos à população não estão sendo providenciados pelo Estado, principalmente nas áreas de saúde, educação e segurança pública. E o Ver. João Dib ratificou pronunciamentos feitos na Casa, acerca de problemas observados no serviço de saúde oferecido à população. Discorreu sobre a posição assumida pela sua Bancada com relação à implantação do Sistema único de Saúde. Elogiou o atendimento oferecido à população pelo Hospital de Pronto-Socorro. A seguir, constatada a existência de "quorum", foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. Airto Ferronato, de Voto de Pesar pelo falecimento de Gloria Dorneles; do Ver. Artur Zanella, de Votos de Congratulações com a Prefeitura Municipal de Porto Alegre e a SMIC, pela passagem do aniversário do Brique da Redenção; com Cristiano Michelena, por ter conquistado a prova dos duzentos metros nado livre na copa do Mundo de Natação; com a Fundação Maurício Sirotski Sobrinho; com a Secretaria de Desenvolvimento de Obras, pela passagem de seus aniversários; de Voto de Pesar pelo falecimento de Maria Antonieta Moraes Monteiro; do Ver. Cyro Martini, de Voto de Congratulações com Jorge Mandl Croare do Amarante, pela inauguração da casa de espetáculos L’atmosphère; do Ver. Dilamar Machado, de Moção de Repúdio ao ato de invasão, pela Polícia Federal, da sede da Empresa Folha da Manhã S/A, este após ter sido encaminhado à votação pelos Vereadores João Dib e Dilamar Machado; do Ver. Ervino Besson, de Voto de Pesar pelo falecimento de Maria Mônica Bitencurt Tietböhl; do Ver. Gert Schinke, solicitando a constituição de uma Comissão Especial para, no prazo de sessenta dias, estudar sobre a disposição final do lixo; do Ver. Isaac Ainhorn, de Voto de Pesar pelo falecimento de Miguel Mainfeld; do Ver. João Dib, de Voto de Congratulações com a Igreja Evangélica Assembléia de Deus de Porto Alegre, pela passagem do aniversário de Pastorado do Miss. Nils Taranger; do Ver. João Motta, solicitando que o Projeto de Lei do Executivo n° 13/90 seja considerado em regime de urgência; do Ver. Luiz Braz, de Voto de Pesar pelo falecimento de Ari Nels da Cunha; do Ver. Mano José, de Votos de Congratulações com o Colégio Militar de Porto Alegre; com o Colégio Estadual Júlio de Castilhos, pela passagem de seus aniversários; de Voto de Pesar pelo falecimento de Carmen Langer Hilzendeger; do Ver. Nelson Castan, solicitando que seja convidado o Prefeito Olívio Dutra a comparecer nesta Casa, com a finalidade de esclarecer os Vereadores sobre a natureza do acordo em elaboração entre a Prefeitura e a ATP; solicitando que seja manifestado o repúdio desta Casa ao “Plano Collor” e suas conseqüências nocivas que se pronunciam na nova realidade, este encaminhado à votação pelos Vereadores Nelson Castan, João Dib e Adroaldo Correa, com Declaração de Voto dos Vereadores Vicente Dutra, João Dib e Mano José; do Ver. Valdir Fraga, solicitando que o Projeto de Resolução n° 06/90 seja considerado em regime de urgência; de Voto de Congratulações com o Conselho Geral de Clube de Mães, pela passagem de seu aniversário; de Voto de Pesar pelo falecimento de Rímolo Pasquale; do Ver. Wilton Araújo, de Voto de Pesar pelo falecimento de Maria José Conceição. Às dezesseis horas e três minutos, foi realizada nova verificação de "quorum", por solicitação do Ver. Clóvis Brum. Constatada a inexistência de "quorum", o Sr. Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Extraordinária a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga e Clóvis Brum e secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann e Adroaldo Correa. Do que eu, Lauro Hagemann, 1° Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 


O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão.

Srs. Vereadores, na próxima sexta-feira, às 9 horas, conforme entendimento com as Lideranças, a intenção da Mesa é preparar uma Sessão simulada no novo Plenário, como treinamento para a reunião do dia 03 de abril, às 15 horas, quando da promulgação da Lei Orgânica. Assim, os companheiros Vereadores já irão se familiarizando com as suas novas tribunas. Também gostaríamos de bater uma fotografia de todos os companheiros Vereadores e mais aqueles colegas Vereadores Suplentes que participaram da Lei Orgânica. Essa foto vai ser histórica, assim como o foi a foto dos companheiros de 1948 e as duas fotos vão ser usadas no jornalzinho. Por isso, solicito a todos que venham trajados rigorosamente, conforme determina o Regimento Interno. Logo após a Sessão simulada, faremos a reunião normal, às 9h30min, porque precisamos votar o Projeto que trata do abono dos funcionários. Na segunda-feira será a Redação Final da Lei Orgânica.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, aproveito a oportunidade para solicitar a V. Exª uma informação, em virtude de ter sido procurado por um dos Vereadores suplentes da Bancada do PDT, se cabe aos Suplentes que participaram efetivamente dos trabalhos de votação dos artigos da Lei Orgânica assiná-la. Parece-me ser este um esclarecimento necessário para que possamos comunicar aos nossos Suplentes, bem como aos Suplentes da Bancada do PT e do PL que participaram dos trabalhos de votação da Lei Orgânica.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa não teria nada a opor, pelo contrário, seria um prazer, mas estamos procurando saber como essa questão foi tratada na Assembléia Legislativa.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Ocorre que em cima dessa decisão, Sr. Presidente, eu gostaria de colocar à Mesa para uma decisão urgente, que se dê a esses Suplentes não só o direito de participar da placa como, também, de assinar a Lei Orgânica, o que é um desejo daqueles que aqui participaram conosco.

 

O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente, a promulgação será no próximo dia 03?

 

O SR. PRESIDENTE: A promulgação será no dia 03 e as festividades terão início às 15 horas, com a inauguração do Plenário, com o descerramento da placa com nome de todos os companheiros que participaram da Lei Orgânica, com a inauguração do Plenário Otávio Rocha, vai haver um coral, mas sexta-feira ainda estaremos aceitando sugestões. As inaugurações de placas que vão acontecer pelos Companheiros-Relatores, pelos Líderes, não têm qualquer vínculo presidencial. Somente a porta principal, na abertura, daí sim, talvez seja o Presidente, Representante do Fórum ou o Prefeito, mas isso tudo está sendo estudado.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Para um Requerimento, Sr. Presidente. Após contatar com as Lideranças eu gostaria de propor a inversão na ordem dos trabalhos, ou seja, inverter o Grande Expediente com a Pauta.

 

O SR. PRESIDENTE: Ficaria, então, primeiramente a Pauta. Vamos colocar em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Nós também faremos um esforço para fazermos duas Sessões Extraordinárias para avançarmos no Projeto de abono aos funcionários, porque não tem cabimento a Prefeitura pagar o mês de março sem o Projeto estar aprovado. Temos que ter todo o cuidado.

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos à

 

PAUTA – DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

1ª SESSÃO

 

PROC. N° 3177/89 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 017/89, que inclui inciso III no artigo 253 da Lei Complementar n° 133, de 31 de dezembro de 1985, e dá outras providências.

 

PROC. N° 0746/89 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 011/89, de autoria do Ver. Cyro Martini, que dispõe sobre a colocação de ondulações transversais às vias públicas diante dos estabelecimentos de ensino e assemelhados e dá outras providências.

 

PROC. N° 1921/89 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 101/89, de autoria do Ver. Artur Zanella, que institui a obrigatoriedade de fornecimento, pelas empresas sediadas no Município de Porto Alegre, de uma refeição matinal aos seus empregados, e dá outras providências.

 

PROC. N° 3317/89 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 107/89, que autoriza a venda de imóvel, independentemente de licitação, a Manoel Tavares de Jesus.

 

PROC. N° 3322/89 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 111/89, que autoriza o Município a alienar o imóvel de sua propriedade à Tânia Maria Gonçalves Collin e seu marido Fernando Collin.

 

PROC. N° 3403/89 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 116/89, que declara de utilidade pública a Associação de Pais, Mestres e Amigos do COPA. (Centro de Treinamento Ocupacional de Porto Alegre.)

 

PROC. N° 3404/89 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 117/89, que declara de Utilidade Pública a Sociedade Assistencial Filantrópica - SAF.

 

PROC. N° 040/90 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 002/90, que cancela dívidas decorrentes das tarifas de água e esgotos e de serviços devidos ao DMAE.

 

PROC. N° 403/90 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 013/90, que concede antecipação dos índices da Bimestralidade para o mês de fevereiro de 1990 aos servidores da Administração Centralizada e Autárquica do Município de Porto Alegre e dá outras providências. Com Mensagem Retificativa.

 

PROC. N° 477/90 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 006/90, de autoria da Mesa, que concede abono aos funcionários da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras providências.

 

O SR. PRESIDENTE: A palavra, com o Ver. João Dib que está inscrito para a Pauta.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, já me aprestava para brigar com a que se diz Administração Popular quando vi que não vale a pena brigar. É que eles são um pouco atrapalhados. Está aqui, há um Projeto com Mensagem Retificativa, por isso a briga fica menor, que fala da antecipação dos 33% que foram dados aos funcionários e no artigo 1º parágrafo único ele diz: (Lê.) Isso dá a entender que os 33% foram antecipação mesmo e não abono conforme o panfleto que a Administração Popular distribuiu, mas depois ela mandou uma mensagem retificativa substituindo o parágrafo único dizendo. (Lê.) É um pouco mais de confusão só. A Administração não precisa encaminhar à Casa o Projeto de Reajuste dos Vencimentos porque está fazendo na forma da Lei Complementar, se não me engano, n° 186 que estabelece a bimestralidade e que o Prefeito já usou. Acho que caberia aqui um substitutivo autorizando pura e simplesmente o Prefeito a fazer o abono de 33% porque em leis, quando se escreve muita coisa, dá uma complicação de interpretação danada e a lei mais simples vai ficar mais enérgica, mais efetiva e não tem que fazer a interpretação, então: é concedido o abono de 33% em duas parcelas, uma de 20 e uma de 13%. Terminou, o resto não precisa nesta lei, a Câmara vai ser convocada extraordinariamente para que possa votar, mas acho que as Lideranças deveriam se reunir e fazer um Substitutivo ou, então, apelo à Liderança do PT para que peça ao Prefeito que retire e encaminhe um Projeto estabelecendo o abono de 33%, que ele já pagou, e que este processo aqui é extremamente confuso. De outro lado, o eminente Ver. Artur Zanella apresenta um projeto de lei, é que estamos em época de Lei Orgânica e Lei Orgânica que teve tantas aberrações, tantas coisas colocadas lá que o Ver. Zanella se achou com o direito de fazer um projeto. Diz que lá no Rio de Janeiro o Ver. Aron Steimbruck, que já foi senador, se não me engano, Deputado foi, do 13º salário, apresentou um Projeto de Lei em que todas as empresas sediadas em Porto Alegre - o Ver. Artur Zanella apresentando - deverão fornecer aos seus empregados uma refeição matinal, diária, constituída basicamente de café, leite, pão e manteiga ou produtos similares. Eu acho que a Câmara não pode se prestar a isto aqui. Eu penso que a Câmara tem que saber até onde pode ir. Se lá no Rio de Janeiro fizeram, a Câmara do Rio de Janeiro é manchete de toda a sorte, mas não são elogios as manchetes que se fazem à Câmara do Rio de Janeiro, às vezes até tem elogios. Eu acho que não cabe a esta Casa botar um Projeto de Lei deste tipo: “para fazer jus ao benefício o empregado deverá comparecer ao serviço 20 minutos antes do horário fixado para o início da jornada de trabalho”. E aí dava umas concessões, umas vantagens que foram riscadas aqui. “As empresas que não implantarem seus programas em seis meses terão cassados seus alvarás”. Isto é brincadeira.

 

O Sr. Omar Ferri: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, me parece que este Projeto do Ver. Zanella diz respeito ao pagamento de parte dos salários in natura. E isto deve ser objeto de Legislação Trabalhista, Legislação Federal. Portanto, salvo melhor juízo, eu entendo que este Projeto de Lei vai ferir algum dispositivo de Lei Federal. Seria inconstitucional.

 

O SR. JOÃO DIB: Lamentavelmente, agradeço ao aparte de V. Exª que vem confortar o meu pensamento, mas faço um apelo ao Ver. Zanella, que não está presente: retire o Projeto, porque, de repente, vamos ser motivo de chacota dos que entendem de Lei Trabalhista, dos que entendem de quem legisla, não cabe à Câmara Municipal, não podemos estabelecer salários da empresa privada. Estaríamos muito além do chinelo.

 

O Sr. Omar Ferri: Sobre este pagamento do abono, 20, mais 13%, V. Exª falou em aprovação em Reunião Extraordinária. Por que Reunião Extraordinária da Câmara?

 

O SR. JOÃO DIB: Eu ouvi que seria feita um convocação Extraordinária para que pudesse ser votado, tem que correr Pauta, duas ou três Sessões de Pauta, para que pudesse ser votado na sexta-feira. Mas acho que o mais correto seria mudar este Projeto de Lei, apenas estabelecer que o Prefeito, num ato de sensibilidade política, num ato humano até, sentiu que tinha que ajudar os servidores municipais e deu um abono de 33% que, aliás, a última vez que os Servidores Municipais receberam um abono foi exatamente no mês de março de 1985 de 21,3%, porque naquele ano Porto Alegre fazia 213 anos e o Prefeito da época entendeu que deveria dar um abono aos servidores de 21,3% e encaminhou um Projeto de Lei à Câmara e a Câmara aprovou. Então, acho que o Prefeito Olívio Dutra, repetindo aquele Prefeito de 1985, poderia também encaminhar um Projeto de Lei à Câmara, dando 33% aos Servidores Municipais. Não seria original, porque provavelmente, antes do Prefeito de 1985, outros Prefeitos também deram abonos. Eu estou lembrado que em 1963 o Prefeito José Loureiro da Silva deu uma antecipação, mas sem Lei, para que todos os servidores recebessem 10 mil cruzeiros e pagou os 10 mil cruzeiros, mas não havia tempo de fazer a Lei porque era o fim de ano e na Prefeitura sobrava algum dinheiro, deixando para o Prefeito que o sucedeu, Prefeito Sereno Chaise, para mandar a Lei dando como abono, mas o Prefeito Sereno Chaise não mandou a Lei dando como abono, mas mandou descontar: para os que ganhavam mais em duas vezes; para os que ganhavam menos, em quatro vezes. O dinheiro foi descontado.

Então, agora, o Prefeito faria muito bem encaminhando um Projeto de Lei, simples, sucinto, dizendo que o abono é de 33%, em duas parcelas, e que já foi pago.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Clóvis Brum): O próximo orador inscrito em Pauta é o Ver. Adroaldo Corrêa, que dispõe de dez minutos regimentais.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Projeto que vou discutir está em 1ª Sessão de Pauta, é de autoria do Executivo e propõe que a Lei defina o que realmente já foi feito, o pagamento de abono e não o de antecipação para desconto aos servidores públicos municipais. O fato de haver uma Emenda Retificativa do próprio Executivo ou aspecto citado pelo Ver. João Dib de torná-lo um pouco confuso e não simples na maneira como expôs no entendimento do Vereador não pode desobrigar a Câmara de atentar para o seguinte aspecto: sexta-feira é o dia do pagamento do funcionalismo público, a Câmara faria como propôs o Ver. Valdir Fraga, no dia de hoje, Sessões Extraordinárias para Pauta, não convocação extraordinária para exame do Projeto.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, o pagamento sexta-feira que a Prefeitura vai fazer, nada tem a ver com este Projeto de Lei que vai legalizar o abono que o Prefeito muito meritoriamente, com muitos elogios a ele, deu aos servidores municipais. O resto está na Lei n° 186.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Por exemplo, Ver. João Dib, responderia, em tese, que não tenho nada a ver com V. Exª, mas, nós dois somos pessoas da mesma espécie do gênero humano. O pagamento de março tem no mês de março um abono, e nós temos esta relação com o abono, realmente ele foi pago e precisa ser confirmado pelo diploma. Na hipótese outra que se constituísse, de alguém, na substituição do Prefeito, não mandar uma Emenda Retificativa ficaríamos sem a vontade explícita do atual Prefeito de dizer que isto é um abono de fato. Não vejo que a Emenda Retificativa atrapalhe o projeto e o ato já realizado, no nosso entendimento, vontade aplicada no fato em si. Acredito que se possa fazer ainda hoje as Sessões Extraordinárias de Pauta, para o Projeto cumprir três Pautas na Casa e votá-lo na sexta-feira, sem as dificuldades que o Ver. João Dib levantou. Mas, para uma melhor compreensão da lei, mais prática, ela deve se fazer na forma em que foi proposta, ainda que possa ter razão o Ver. João Dib. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão da Pauta. Com a palavra o Ver. Luiz Braz em Comunicação de Liderança.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu peço, por favor, que atentem para as colocações que vou fazer desta tribuna, porque elas estão vinculadas a uma discussão que faço, há muito tempo, com relação a Constituições, e também à nossa Lei Orgânica, que vamos promulgar. Nós sempre fomos favoráveis que as Constituições e as Leis Orgânicas fossem instrumentos mais sintéticos e não tão analíticos como acontecem até agora, com as Constituições Federal, Estadual, e até com a nossa Lei Orgânica. Ontem, abrindo a Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, li, no artigo 20, o seguinte: “No prazo de 180 dias da promulgação da Constituição, os Municípios de Viamão e Porto Alegre, à luz do Decreto-Lei n° 506, de 1902 e o Decreto-Lei n° 720, de 1944, firmarão termo de demarcação dos respectivos territórios sob a intermediação do Estado”. Sabem quando é que termina este prazo de 180 dias? Dia 05 de abril próximo. Sabem quantas reuniões fizeram até agora para delimitarem os territórios de Viamão e Porto Alegre? Uma reunião na Assembléia Legislativa, da qual participou um representante da Secretaria do Planejamento, Arquiteta Virgínia, com quem falei ontem, representantes da Prefeitura Municipal de Viamão e membros da Metroplan. O que saiu desta reunião? Uma equipe da Metroplan, que efetua alguns estudos lentos no sentido de averiguar os mecanismos necessários para fazer a demarcação dos limites entre os territórios de Porto Alegre e Viamão. Mas, na verdade, este dispositivo que está na Constituição do Estado - e que é o artigo 20 das disposições transitórias - vai ser, a partir do dia 05, letra morta. Agora, pergunto o seguinte: existe algum interesse de Porto Alegre em fazer a demarcação desses limites? Ontem estive reunido com a comunidade da Vila Santa Isabel - não sou candidato à Deputado Estadual, mas um bom prato para os candidatos - e ela se sente completamente abandonada por Viamão porque Viamão acredita que o território da Vila Santa Isabel possa no futuro vir a pertencer a Porto Alegre e por isso a comunidade de lá se queixa da falta de apoio aos reclamos e reivindicações daquela população. Isto faz com que façamos outra pergunta, Ver. Dilamar Machado, porque aconteceu na época do Prefeito Alceu Collares. Hoje em dia, na Vila Isabel que paga imposto para Viamão, temos serviço coletivo da Carris. Não existe autorização legislativa para que ela sirva a Vila Santa Isabel que paga imposto para Viamão. Então, qual a legislação que embasa este serviço de uma empresa municipal para o Município de Viamão? Qual é o lucro que esse serviço que está sendo realizado num Bairro que paga imposto para Viamão? Qual o lucro que está auferindo Porto Alegre com este serviço? Claro que a população da Vila está feliz. Mas acredito que o que está escrito no artigo 20 deveria ser cumprido para que estas dúvidas que todos temos em relação aos limites entre Porto Alegre e Viamão possam ser dirimidas, por que, senão, não vamos saber se aquele serviço - por exemplo, do transporte coletivo que é feito pela Carris na Vila Santa Isabel - é legal ou não é legal, se o povo de Porto Alegre está sendo lesado ou não. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Airto Ferronato.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, na conformidade com as medidas provisórias baixadas recentemente pelo Presidente da República, e, em especial, à medida provisória n° 165, que determina que os títulos, que o resgate de qualquer título seja procedido pela identificação do portador, e que o montante dos recursos decorrentes desse resgate deverá fazer parte do rendimento tributado na declaração do Imposto de Renda, e que estes recursos aplicados ao portador deverão, os titulares, comprovar a origem dos recursos, esta série de medidas fez com que, tenhamos, a título de Brasil, hoje, títulos ao portador e nominativos, termos cruzados e cruzeiros, entendemos que esse aprisionamento de recursos vai dar, efetivamente, grandes poderes a nível de Presidente da República, a nível federal, e quer queiramos ou não, a meu entendimento as Prefeituras e os Estados perderão recursos financeiros em função das medidas provisórias. Entendemos também que dada a medida provisória n° 165, uma série de investidores, de detentores de títulos ao portador, por uma série de razões deixarão de resgatar esses títulos, e com isso haverá, sem dúvida, uma fuga de recursos financeiros oriundos de Porto Alegre para ficarem centralizados em Brasília. Estamos apresentando um Projeto de Lei bastante simples, sem maiores pretensões de inovação, que diz o seguinte: que seja instituído em Porto Alegre uma central de recebimento de doações, com uma estrutura mínima e que esta central de recebimento faça uma divulgação para aqueles que por um motivo ou outro não queiram resgatar, prefiram não resgatar seus títulos, que façam doações à Prefeitura Municipal de Porto Alegre, para que na data correta dos seus resgates estes mesmos valores sejam aplicados, exclusivamente, a nível de Hospital de Pronto Socorro ou a nível de obras comunitárias. Então, resumidamente, nós entendemos que será inevitável que uma série de detentores de títulos ao portador poderão deixar e no meu entendimento irão preferir não resgatar seus títulos, daí porque nós acreditamos que é o momento oportuno de se incentivar que se doem cruzados novos ou títulos a uma central de recebimento para aplicação em obras comunitárias. E gostaria de dizer, também, que nós não temos a pretensão com isto de entender que grande soma de recursos ingressará nos cofres públicos. O que nós gostaríamos de dizer é o seguinte: se nenhum detentor de título doar os mesmos aos órgãos públicos municipais, quem perderá será Porto Alegre e com o nosso Projeto de Lei a Prefeitura Municipal não gastará sequer um cruzado. Nós votamos, resumidamente, o seguinte: (Lê.) “Fica o Poder Executivo... até: ...jurídica, ao Poder Executivo.”

Entre outras coisas esta central elaborará um programa de aplicação de recursos financeiros decorrentes da doação. E mais, este programa uma vez implementado e se ocorrer alguma doação terá a aprovação da Câmara Municipal de Porto Alegre. Mais uma vez dizemos que será possível e até bastante lógico que alguém deixará de resgatar seus títulos por uma série de razões. Que doem à Prefeitura Municipal de Porto Alegre para obras comunitárias, que de obras comunitárias Porto Alegre necessita bastante. Sou grato.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PDT. A palavra, com o Ver. Ervino Besson.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, no ano passado este Vereador trouxe a esta Casa uma denúncia de que estavam faltando, em nossas farmácias, diversos medicamentos. Cito, como exemplo, o Marcomar que é um medicamento utilizado por pessoas que tiveram que se submeter a uma cirurgia de ponte de safena ou que tenham problemas de válvulas cardíacas. Chamo a atenção dos nobres Pares desta Casa para um assunto da maior gravidade: nas farmácias de Porto Alegre, hoje, estão faltando diversos medicamentos importantes à sobrevivência de inúmeras pessoas. Vou citar, por exemplo, um caso prático que está acontecendo com a minha filha, paciente do Dr. Fabris. Minha esposa notou que o desenvolvimento da menina estava aquém da sua idade, ela está com sete anos. Segundo depoimento do Dr. Fabris, se não tivéssemos tomado providências imediatas, a menina certamente não conseguiria reverter tal situação. Vejo que o nobre Ver. Mano José, admirável médico desta Casa, está prestando a máxima atenção ao meu relato. A menina depende de um medicamento, tomou a injeção em 28 de dezembro de 1989 e teria que tomar a outra injeção no dia de ontem. Retornando ao médico ontem, ele disse que ela praticamente não havia crescido nada nesses 3 meses e que o tratamento deveria ser feito com mais rapidez. Assim, ela deverá tomar essas injeções de 45 em 45 dias em vez de 90 em 90 dias, como vinha sendo feito. O nome da injeção é Depoprovera. Ontem a minha esposa percorreu 17 farmácias e não conseguiu encontrar a referida injeção e eu, hoje, pela manhã, procurei em mais 13 farmácias, não encontrando. Quando cheguei aqui na Câmara, peguei o telefone e passei a ligar para todas as farmácias que constavam no Guia Telefônico e, graças a Deus, consegui 2 ampolas. Então, foi praticamente um dia inteiro procurando o medicamento. Telefonei para a Secretaria de Saúde do Estado, onde falei com o farmacêutico Lupe, que me disse estar faltando nas farmácias de Porto Alegre diversos medicamentos, inclusive aqueles que permitem a sobrevivência de quem os utiliza. Portanto, este Vereador está extremamente preocupado. Hoje eu encontrei 2 ampolas, que vão servir pelo prazo de 3 meses, mas o que será de muitas crianças inocentes - não só a minha - que dependem desse medicamento? Fica aqui a minha preocupação, que vou levar ao nosso Presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, Giovani Gregol, porque alguma coisa tem que ser feita. Não é concebível que uma criança vá pagar pelo seu crescimento, pela sua própria sobrevivência por falta de um medicamento essencial, porque, conforme o Dr. Gemir Fabris, não há similar que consiga combater esse tipo de doença que ataca as crianças, a qual já expliquei nesta tribuna. Fica aqui a minha preocupação, e tenho certeza que mais Vereadores vão se preocupar com estes fatos para que nós possamos tentar resolver este problema. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PT, por indicação do Ver. Décio Schauren, 1º Vice-Líder, ocupa a tribuna o Ver. Heriberto Back. Cinco minutos, sem apartes.

 

O SR. HERIBERTO BACK: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, aproveito este momento porque o assunto vai na mesma linha do Ver. Besson, só que com mais gravidade. No caso, falta de medicamento essencial, mas venho trazer uma denúncia que havendo equipamento, médicos e remédios, há um descaso no atendimento hospitalar, em geral. Quero trazer um fato acontecido hoje pela manhã, que teve inclusive a presença da BM que foi chamada para me levar preso. Dois camburões vieram me prender no Hospital Presidente Vargas porque eu teria invadido as áreas da emergência, criando tumulto e desacerto. Efetivamente, a Brigada veio e foi uma pena que no momento eu não estivesse mais dentro da emergência porque poderiam ser presos os médicos, enfermeiras que lá estavam, por omissão de socorro. Havia ido ontem às 13 horas levar minha filha que tinha ingerido medicação - enquanto a mãe estava no banheiro, subiu num banquinho, criança faz arte, foi lá em cima e pegou um vidro de aspirinas e comeu. Saí fuzilando estrada afora para chegar ao Hospital Presidente Vargas. Cheguei lá e durante ½ hora fiquei com bons modos pedindo que atendessem. Até chegou uma enfermeira, chegou outra, depois outra, e eu pedindo e perdendo a paciência, até que ao final uma enfermeira veio e eu entrei, disse, agora quero falar com o responsável. Mandaram esperar mais um pouco, disse, “não agora não se espera mais, vai ser atendida”. É impossível que uma criança que ingeriu um medicamento - sei que jamais um médico humano faria isso - mas tem lá todo o equipamento, está lá o médico, está lá a enfermeira, está lá a aparelhagem, não tinha ninguém pra atender. Vai levar ½ hora, esperar mais um pouco para aquele remédio intoxicar completamente a criança. Pois isso fizeram ontem; se eu não adentro a força na emergência do Hospital Presidente Vargas, não teriam atendido a minha filha. Hoje de manhã, quando eu estava lá para vê-la, vi por outra cidadã humilde, lá da Vila Tronco, com uma criancinha no colo andando igual a mim, de um lado para outro. E quando viu que eu dei bronca, disse, “que bom que o Senhor fez isso. Eles não me atendem. Estou aqui há meia hora, meu filho, um nenê de 7 meses, com pontada de pneumonia, e aqui cheio de médicos, cheio de enfermeiros dentro da emergência e não atendem”. Ela tinha sido mandada lá do Postão 3, do INAMPS, às 8 horas da manhã de ambulância e lá tinha sido bem atendida. Claro bateram radiografia neste meio tempo. Eu pergunto ao Ver. Mano José, que é médico: bater radiografia elimina o problema da pneumonia? Uma pontada de pneumonia tem que ser tratada imediatamente. Chegou ao Postão às 8 horas da manhã e às 11:45 horas é que os médicos foram atendê-la. E foram atendê-la por quê? Porque eu abri a porta adentro, entrei e exigi, como cidadão, que aquela mãe fosse atendida e eles me diziam que eu estava criando tumulto porque estava me metendo num assunto que não era meu porque a filha na era minha. Eu respondi-lhe que era cidadão, não conhecia aquela mãe, não conhecia aquela criança, mas exigia que ela fosse atendida. Chamaram a Brigada Militar, além da guarda do hospital. O fato é que esta criança acabou sendo atendida. Mas por quê? Porque eu botei a porta a dentro. Criei um escândalo, foi necessário que a Brigada viesse, criou-se um tumulto. Então, eu chamo a atenção para isso, eu não sei se os outros Vereadores também enfrentam este tipo de problema. Eu creio que sim porque convivem, como eu, com o povo mais humilde e devem se deparar com o mau atendimento dos hospitais. Eu acho que alguma providência a Câmara tem que tomar, eles disseram que não conversariam comigo, que não tinham que me dar satisfação alguma. Eu garanti a eles que eles iriam conversar comigo e com muito mais gente. Eu não me identifiquei porque basta ser cidadão para ser respeitado e para ser atendido. Não quis usar a condição que tenho. Eu gostaria de solicitar ao Vice-Presidente da Comissão de Saúde que está aqui e os outros membros da Comissão de Saúde para que, junto com o caso do Ver. Ervino Besson, nós encaminhássemos a síntese de uma reunião para que fosse convocado o Hospital Presidente Vargas porque a situação em que está jogada a população mais humilde das nossas vilas no atendimento hospitalar é algo dramático, absolutamente dramático e sei que este não é um caso isolado. Vou pedir providências, aqui na Câmara, através da Comissão de Saúde para que se convoque o Presidente Vargas e vou trazer a mãe da criança para tomarmos alguma providência. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Wilson Santos pelo PL.

 

O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, falou com muita certeza e propriedade o Ver. Back; não é caso isolado e é um excelente momento para que esta Casa encontre uma maneira prática, concreta, para atuar neste verdadeiro descaso. O Estado está envolvido numa enormidade de atividades, se agigantou, toma para si coisas que na essência não são da missão estatal. O povo não concede o poder para que o Estado lhe dê a devida contraprestação em diversos assuntos. Agora, saúde, educação, segurança pública é um verdadeiro caos. Hoje se trata a segurança pública; por exemplo, já vou voltar ao caso da saúde, como quem dá uma esmola. Acho que faz muito favor, o Governo do Estado, em dar meia dúzia de viaturas, construir duas ou três delegacias, quando realmente a política de segurança pública é jogada, a sua solução, para a sociedade que já paga os seus tributos, os seus impostos e que tem que ajudar para construir um prédio esquecido; que o soldado, o investigador, o comissário recebem, via de regra, um salário miserável, que mora em sub-habitações, que mora marginalizado, que o vencimento faz com que se forme um soldado e saiam três porque não conseguem sobreviver. E assim é a saúde.

Eu vou citar, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nestes poucos minutos, um fato ocorrido não só com eleitores, com pessoas que reclamam. Eu trouxe para esta tribuna, e houve uma certa divulgação do caso do meu pai com o Hospital Ernesto Dornelles, o péssimo atendimento e as providências que tomei junto ao CRM, junto à Secretaria do Estado e, depois, fui obrigado a tomar providências junto ao IPE porque diziam que era o IPE que resolvia. Não houve solução nenhuma. A reincidência que houve está tramitando, porque o meu irmão, promotor de Justiça, ameaçou o Hospital, apresentando sua carteira e ameaçando prender funcionários e prender a direção, em função do péssimo atendimento, da arrogância e do descaso em termos de saúde. Este processo está tramitando junto à Coordenadoria das Promotorias Criminais de Defesa Comunitária. Porque é o supra-sumo do descaso, é o caos total nestes itens fundamentais: saúde, educação, segurança pública. Acha o Poder que está fazendo um favor, trata o povo como se fosse uma sub-raça, como se fosse corja, como se fosse um nada do nada. E esta Casa tem, efetivamente, trazido estes casos, tendo vindo novamente à baila o assunto. Realmente há que se tomar providências. É inadmissível que se veja este atendimento, que se veja a atuação de médicos, de profissionais de saúde que não têm consciência do seu dever e da sua obrigação e que se veja, lamentavelmente, incentivada até hoje a medicina mercenária que atende não mais por ideal e não são todos - até peço a atenção do Ver. Mano José que é médico, porque já há quem atende e sei que os Vereadores atendem, como eu, que dou atendimento semanalmente, como Vereador, no Sarandi, ouvindo direto as queixas do povo. Hoje não se vê mais um médico de família, um médico que atenda por ideal. Hoje, se não paga não atende. Cadê aquele juramento, cadê a consciência? E esta consciência degenerada. Degeneração da consciência da responsabilidade, o dever do próprio Governo, do próprio Estado. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Dib pelo PDS, em tempo de Liderança.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, não vou usar os cinco minutos, muito menos do que isto. Antes de mais nada, a solidariedade do PDS aos pronunciamentos do Ver. Wilson Santos, Heriberto Back e Ervino Besson, absolutamente corretos. E esta situação traz à tona o posicionamento da Bancada do PDS em relação ao SUS - Serviço Único de Saúde - que está se tentando implantar em todo o País, e como se vê, não está funcionando bem. Acho que esta Câmara tem que chamar aqui a Diretoria do Hospital Presidente Vargas, Ernesto Dornelles e outros.

Mas não se pode apenas fazer críticas; há necessidade que se faça um elogio ao nosso Hospital de Pronto Socorro, hospital-escola, fundação do HPS, seja lá como se chame. Lá as pessoas são atendidas com todas as dificuldades que ocorrem em razão da Administração, tem problemas de recursos, mas há carinho, há atendimento, há atenção.

O PDS não quer perder esta oportunidade de dizer que o HPS é um orgulho nosso, e que deve ser estimulado. Andou bem o Ver. Airto Ferronato quando propôs que se buscasse recursos para o HPS; todos nós temos que participar daquele hospital que nos orgulha de uma maneira ou de outra.

Então, a saudação do PDS ao HPS, porque este continua nos orgulhando. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. 3º Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para verificação de "quorum".

 

O SR. 3º SECRETÁRIO: (Procede à chamada.) Há "quorum", Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

Submetemos ao Plenário Requerimento de autoria do Ver. Dilamar Machado, de Moção de Repúdio ao ato de invasão, pela Polícia Federal, da sede da Empresa Folha da Manhã S/A.

Em votação. (Pausa.) Com a palavra para encaminhar, o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o novo Governo que aí se instalou tomou uma série de medidas que agradam a uns e desagradam a outros. Pessoalmente estou insatisfeito, porque um homem como eu, organizado, acertando suas coisas durante uma vida inteira, de repente foi confiscado e até tenho medo que nem daqui a dezoito meses comecem a devolver as parquíssimas economias de poupança de dez, onze anos que lá estavam, para que eu pudesse resolver alguns problemas da minha vida. Estou com medo que, completados os dezoito meses, eles não devolvam. Mas, de qualquer forma, Sr. Presidente, temos aplaudido, sistematicamente, quando prendem gerente de supermercado, o diretor de qualquer entidade e agora o jornal Folha de São Paulo foi invadido, talvez, arbitrariamente. Mas o dono do supermercado também foi preso da mesma maneira. Acontece que a própria “Folha de São Paulo” coloca na primeira página o explicativo de que tentou cobrar em cruzeiros aquilo que estava faturado em cruzados. E eu perguntei aqui a pessoas ligadas à imprensa se era possível fazer este tipo de cobrança. Disseram-me que não, inclusive, o produtor de um programa me disse que ele estava tendo sérias dificuldades para pagar seus funcionários porque recebia cruzados e tinha que pagar em cruzeiros. Então, não é diferente de ninguém a “Folha de São Paulo”. Eu vou votar contrariamente. É uma posição pessoal minha, não é posição de Bancada. Nem foi discutido porque acho que se posso prender o dono do supermercado que tem a maquineta de etiquetar, também o jornal Folha de São Paulo não está imune. Não estou aplaudindo o Governo, mas acho que tem que ter uma coerência: quando quero o rigor da lei o quero para todos. Quando o jornal Folha de São Paulo receber, se receber, o repúdio desta Câmara com a medida do Governo, ele, evidentemente, vai colocar lá, em destaque, como outros. Mas, estaremos nós sendo coerentes e justos? Estaremos nós procedendo corretamente, quando aplaudimos a prisão do coitado do Gerente do Supermercado, que não tem nada a ver, é empregado do supermercado, agora, quando pisaram nos calos de um muito forte - ninguém tenha dúvidas de que a “Folha de São Paulo” é extremamente forte - pisaram nos calos deles, nós vamos repudiar. Pode até estar errado, mas nós temos reclamado medidas enérgicas e, quando se toma uma primeira medida, que atinge um poderoso, nós vamos dar o repúdio. Nós podemos até dar um conselho, se é possível, dizendo: acautelem-se, tomem medidas ponderadas. Mas, condenar, porque alguém que tinha cruzados novos, quis transformá-los, num passe de caneta, com outras tintas, para cruzeiros, parece-me que não seja um papel muito bonito para esta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Dilamar Machado.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em primeiro lugar, o Ver. João Dib não tem razão quando diz que nós estamos aplaudindo a prisão de gerente de supermercado. Eu, pelo menos, não aplaudo. Tenho formação jurídica e não aplaudo. Acho isto uma tremenda palhaçada, uma vigarice política, uma manobra diversionista de um Governo que já assumiu se perdendo nas próprias pernas. Pela primeira vez na história dos povos, um Governo assume e fecha o sistema bancário por cinco dias.

E eu lembro muito bem da cena do Sr. Collor de Melo, no último debate do segundo turno, quando, com a arrogância que lhe é natural, de filho de família rica, de mocinho mimado, olhou para o candidato Lula e disse: “Lula, o que você vai fazer com a poupança do povo brasileiro? Vai preservá-la, ou vai meter a mão na poupança?” Depois da resposta de Lula, dizendo que preservaria a poupança, porque é intocável, ele afirmou: “Vocês se cuidem, ele vai meter a mão na poupança de vocês. Eu não, eu não vou fazer como o Lula, vou manter a poupança intocável”. E foi o primeiro ato de confisco que ele fez, meter a mão na poupança do povo brasileiro. Vereador Dib, em 1964, e nos anos que se seguiram, eu atuava, diuturnamente, na imprensa de Porto Alegre, era correspondente do jornal Correio da Manhã, que foi liquidado pela ditadura militar, tendo que fechar suas portas, e era diretor de notícias da rádio e TV Gaúcha, hoje RBS, e sei o que passei, e meus colegas também, não com as invasões, mas com as intromissões descaradas de pessoas que nada tinham a ver com o setor, que iam para dentro das empresas de comunicação fazer a censura. Como hoje a censura desapareceu, legalmente, o episódio ocorrido com a “Folha de São Paulo” não tem a ver com o coitado do gerente do supermercado que está remarcando, nada a ver com o contador da “Folha de São Paulo” que possa, naquela confusão, que nem a Ministra Zélia sabia explicar.

Hoje ouvi o Presidente da Federação dos Bancos, não explicando direito, tanto que amanhã já não vale mais cheque em cruzado, ninguém sabia o que estava ocorrendo neste País. Talvez o contador, e não conheço detalhes, tenha tentado cobrar em cruzeiros uma promissória em cruzados, mas isso longe está de remarcar preços, Vereador.

O Governo Collor, no primeiro dia, aumentou a gasolina, todos os combustíveis, o pão, tarifas de energia elétrica, e está aumentando novamente o combustível nas próximas horas. O que ocorreu, na “Folha de São Paulo”, foi um clássico processo de intimidação de seus jornalistas e diretores, tanto que não ocorreu prisão nenhuma, apenas a Polícia Federal, sob a inspiração direta do Presidente, invadiu, não a contabilidade da “Folha de São Paulo”, mas a redação onde os repórteres e editorialistas estavam preparando a matéria para o dia seguinte. Foi um processo de intimidação, aliás, característico dos regimes de força. Foi assim que tiraram de uma redação de São Paulo o companheiro Vladimir Herzog que nunca mais voltou para a vida, porque foi assassinado dentro das cadeias; foi assim que muitos colegas jornalistas sumiram, ou foram presos, seqüestrados, humilhados pela força.

O nosso repúdio é um alerta, porque se a Nação ficar quieta, amanhã, eles invadem os Guerrilheiros da Notícia da TV Guaíba, e tiram o Ver. Dib do ar. Tiram o Ver. Ferri do programa; tiram o Ver. Isaac do Câmera 2. Por que isto, Vereadores? Porque a força teme a idéia. Quem escreve ou quem fala e não estiver afinado com o figurino de quem está no poder, passa a ser inimigo. O maior discurso de Zumbi, nos Palmares, foi quando ele, no meio de uma luta, gritou para os negros do Quilombo que ele tinha libertado: “Os donos destas terras de sesmarias não gostam de ouvir a minha voz”. E os donos do poder, no País, não gostam de ouvir certas vozes e nem de ler certos editoriais e nem certos conceitos da imprensa escrita.

Ver. Dib, eu acho que esta Casa vai aprovar, por sua imensa maioria, esta Moção de Repúdio à Polícia Federal, que é correta, da nossa parte política e dignamente correta, porque o que houve foi a invasão de um Jornal para intimidar e até vou dar a minha opinião: o melhor órgão da imprensa escrita deste País, que é a “Folha de São Paulo”. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais quem queira encaminhar, colocamos em votação o Requerimento do Ver. Dilamar Machado. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, contra os votos dos Vereadores João Dib e Mano José.

De autoria do Ver. Nelson Castan, Requerimento solicitando seja manifestado o repúdio desta Casa ao “Plano Collor” e suas conseqüências nocivas que se pronunciam na nova realidade.

Em votação. (Pausa.) Com a palavra para encaminhar o autor, Ver. Nelson Castan.

 

O SR. NELSON CASTAN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, estamos propondo a esta Casa uma Moção de Repúdio ao Plano Econômico, ao Plano Collor naqueles aspectos que estão discriminados, escritos aqui na Moção, quais sejam, recessão econômica, desemprego, arrocho salarial, privação de direitos inalienáveis da classe média, pequena e médias empresas, sucateamento do parque industrial nacional, dolarização da economia, etc. Gostaria que esta Casa fizesse deste momento uma definição que acredito poderá ser histórica uma vez que diariamente, desde a divulgação deste Plano Econômico, a sociedade brasileira está sendo massacrada pelos meios de comunicação de massa, principalmente a mídia eletrônica, numa verdadeira avalanche de ôba-ôba, em cima deste Plano Econômico, faltando muitas vezes a esta mídia eletrônica aquela visão crítica, aquela divergência natural e salutar dentro das democracias. Nós estamos hoje correndo o risco da unanimidade, Ver. João Dib, a unanimidade é uma ameaça muito grave às instituições democráticas, é uma ameaça muito grave às consciências do povo, porque as consciências do povo têm que se formar nas divergências. Regimes totalitários não servem para qualquer Nação, não servem para a Nação brasileira. O que está acontecendo hoje com esta enxurrada de loas, com esta enxurrada de elogios ao Plano Econômico, ao Presidente da República, na minha opinião, se revelam uma grave ameaça à continuidade democrática, e uma grave ameaça ao futuro da economia, do emprego, do salário dos brasileiros. O próprio Governo reconheceu que a viger as medidas provisórias naquilo que diz respeito ao salário, representará um arrocho salarial. Isto foi reconhecido pelas autoridades econômicas do novo Governo. Nós hoje somos testemunhas de uma recessão econômica que se avizinha, de uma profunda dificuldade no movimento de troca, no movimento comercial que tem o seu reflexo direto e imediato na condição de vida das pessoas que habitam este País. Segunda-feira nós recebemos aqui os representantes comerciais. Como estão os representantes comerciais hoje? Como estão vivendo? De onde estão tirando dinheiro para sua subsistência? E das suas famílias? Nós temos setores econômicos, como a construção civil, que está virtualmente paralisada, porque é uma atividade econômica cuja sobrevivência dependia das aplicações no mercado financeiro. São volumes muito grandes de gastos que são feitos paulatinamente durante 12, 18 meses, até o produto ficar pronto. Como é que uma atividade econômica como a construção civil vai sobreviver dessa forma? Ver. Dib, hoje pela manhã, eu estive na Cia. Carris e quero dar-lhe um exemplo. A Cia. Carris fez uma licitação pública daquele terreno que a Câmara de Vereadores aprovou a transferência da Prefeitura para a Carris e aquele que ganhou a licitação pública, legítima, desistiu do negócio. Significa o quê? Que a Cia. Carris não poderá comprar ônibus, porque não terá esses recursos, que a Cia. Carris não poderá expandir ou melhorar a sua prestação de serviços à população de Porto Alegre. E como esse exemplo, Ver. Dib, são milhares de pequenos poupadores que ficaram literalmente despossuídos daquilo que era seu e que eles tinham planejamento para utilizar de forma mais ética, da forma mais lícita possível. Então, é com base nesses argumentos, argumentos de uma simples e meridiana racionalidade econômica e dos riscos que se abatem sobre o nosso País, da desnacionalização, da venda, por um punhado de dólares, das nossas empresas, da venda, por um punhado de cruzeiros, das nossas empresas estatais. Por todos esses motivos é que faço um apelo a esta Câmara de Vereadores para que aprovemos essa Moção de Repúdio. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quando o Ver. Castan falou na Cia. Carris eu pensei que ele ia denunciar que está havendo demissão em massa na Carris, porque nós temos que acomodar aqueles que estavam fazendo intervenção na Trevo e na VTC. Eu pensei que ele ia dizer isso; isso é importante, é da Cidade! Eu pensei que ele ia dizer que para comprar um ônibus financiado era impossível. Eu pensei que ele ia dizer que se fôssemos comprar um eletrodoméstico de dez mil cruzados, em 3 prestações, daríamos oito mil de entrada e duas de doze mil. Eu não estou aplaudindo o Plano Collor, de forma nenhuma, mas sou obrigado a acreditar neste País, eu não podia mais ter 3,5% ao dia, no open e no over! Hoje recebi, da Câmara, o extrato dos pagamentos realizados durante todo o ano passado; somando tudo o que recebi no ano passado ainda não dá o salário deste mês de março e, mesmo assim, creio que estamos ganhando pouco. A inflação corroia este País, tirava a vergonha de todos! É verdade, as medidas são duras. Há pouco eu dizia que planejei um monte de coisas na minha vida, tenho a caderneta n° 1 do Banco Nacional em Porto Alegre, e, de repente, me tomaram o dinheiro para o qual eu tinha uma programação e que está me embrulhando, agora. Mas sou brasileiro! Vejo o comércio anunciando em três vezes sem entrada e sem reajustes. Vejo os preços baixando. Os automóveis já querem vender em 24 prestações! Será que há um mês, há quinze dias atrás era possível comprar um automóvel em 24 prestações, aumentando 3,5% ao dia? Isso é um começo, poderia aumentar 5, poderia aumentar 10. Então, esta Câmara não deve e não pode repudiar o plano, por um sentido de brasilidade, já até porque o Congresso Nacional examina as medidas provisórias, há duas ou três mil emendas, e os congressistas são nossos representantes, eles vão examinar e vão dizer. Por que o espírito negativo e destrutivo quando sabemos que há 15 dias não podíamos fazer uma série de coisas, quando tínhamos, há 15 dias atrás, o ouro a mais de mil cruzados, e chegou a quatrocentos e agora está em quinhentos; quando tínhamos o dólar a cem cruzados e agora está a setenta. Acontece que ninguém está comprando e ninguém está vendendo e estamos respirando um pouquinho melhor. Temos, como brasileiros, que acreditar um pouquinho, não estou fazendo a defesa do Governo, eu estou fazendo a defesa do povo brasileiro, que hoje pode entrar nas lojas e ver os preços baixarem porque entramos num supermercado e na nossa frente vemos os preços serem remarcados.

Até alguns dias atrás entrávamos num supermercado e aqui está uma pessoa que foi comprar uma lata de sardinha por 20 cruzados e na sua frente marcaram para 150 cruzados. Então, nós temos que acreditar um pouco, não temos que repudiar tudo, nós temos é que dar força para que as coisas aconteçam com serenidade e esse espírito negativo de só rejeitar, rejeitar, porque não foi nós que fizemos, não vale. Tem que dar certo. É obrigado a dar certo porque é o interesse do povo, pouco se me dá o Presidente da República, agora o povo brasileiro precisa por alguns dias manter o poder aquisitivo de seu salário e não perder a cada dia como estava acontecendo 3,5% porque na realidade era de 10 a 15%. Desta forma eu encaminho contrariamente a proposição do Ver. Nelson Castan. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encaminha, pelo PT, o Ver. Adroaldo Corrêa.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a proposição do Ver. Nelson Castan merece do PDT um voto favorável, somos a favor por entender fundamentalmente que o plano global, até poderia ter este nome “plano global” porque se desenvolve mais na mídia do que na prática, ele não apenas trai promessas de campanha do Presidente eleito, do ponto de vista de atribuir a outrem as medidas que tomou porque bem avisava o candidato Fernando Collor de Melo que Lula iria mexer na poupança dos brasileiros e Fernando Collor de Melo mexeu além da poupança, mexeu no dinheiro havido pelo trabalho de todos os brasileiros do dia-a-dia e do mês, o salário do mês dos trabalhadores que estavam em contas correntes remuneradas, até por imposição da rede bancária, os salários ficaram presos além de vinte e cinco mil, não de cinqüenta mil. O trabalhador médio, no País, tem mais de vinte e cinco mil em conta corrente no dia do pagamento ou, se o fim de semana vier, a espera da remuneração que havia em função de uma inflação desbaratada. A inflação não deixou de existir, ela só não está sendo divulgada. Ela só não está sendo calculada do ponto de vista das necessidades do povo. Além do que, o Plano, no global, estabelece uma relação com o capitalismo, com o capital financeiro internacional altamente privilegiado, vai privatizar os portos do Brasil, feito D. João VI, o Príncipe eleito vai pôr os portos à venda. Desarticulou o comércio internacional deste País, desmontando a primeira trade brasileira de exportação, a Interbras. E vai entregar à segunda que é a privada, a comercialização nos pontos, havida durante largas décadas com o suor do empreendimento oficial estatal, nos mercados internacionais. Este é um ponto que está passando ao largo das discussões sobre poupança, economia, salários, mas que é a entrega do País e dos seus mercados internacionais para os seus produtos ao capital financeiro internacional e a empresa privada de exportação. Isto é mais do que se fôssemos avaliar hoje a entrega da comercialização que está sendo admitida no Governo, dos combustíveis, que hoje, ainda é parte feita pela Petrobrás na sua rede, a completa dominação da iniciativa privada. É uma rede imensa de postos de serviço e distribuição que a Companhia Petrobrás tem, e isto vai de graça a Sete Irmãs poderosas que controlam o petróleo no mundo, mas no Brasil ainda não controlam toda a comercialização que é altamente rentável, mas altamente rentável mesmo. E isto é parte do Plano, aliás, esta é a essência do Plano. A essência do Plano Collor é - como diz o documento de Santa Fé do Partido Republicano que elevou o atual Presidente Bush ao Governo, desestabilizar as economias nacionais dos países latino-americanos, através da destruição daquilo que sustenta a possibilidade de o poder ser governado pelas classes populares que são as empresas estatais. Isto está sendo feito no Plano Menem na Argentina; isso já foi feito largamente no México e isso vai ser feito no Brasil através do quê? Do controle dos ativos financeiros das grandes empresas que serão “obrigadas” a comprar empresas estatais deficitárias, ora, estas empresas estarão sendo doadas, ainda que haja deságios nestes ativos, ao capital, primeiro financeiro que controla os ativos e faz o repasse de titularidade e não fará de graça porque ninguém trabalha de graça, fará o repasse com algum ônus para quem repassar a titularidade. Essa entrega das empresas estatais e dos setores largamente operados há longo tempo pelo Estado, embora tenha servido ao serviço público, também tenha servido prioritariamente a iniciativa privada porque abriu rotas para que essa iniciativa se consolidasse, esse é o objetivo do plano que é global e existe mais na mídia em função de salários e preços, mas que no fundamental atinge profundamente a economia brasileira, a soberania nacional e por isso somos, necessariamente, o Partido dos Trabalhadores a favor do Requerimento proposto pelo Ver. Nelson Castan.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais quem queira encaminhar, colocamos em votação o Requerimento do Ver. Nelson Castan. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, contra os votos dos Vereadores João Dib, Mano José e Vicente Dutra e abstenção do Ver. Clóvis Brum.

Solicito ao Sr. 3º Secretário que proceda à leitura da Declaração de Voto dos Vereadores Vicente Dutra, João Dib e Mano José.

 

O SR. 3º SECRETÁRIO: (Lê.)

“Votamos contra, com 87% da população.

                                 (aa) Vereadores Vicente Dutra, João Dib e Mano José.”

O SR. PRESIDENTE: Submetemos ao Plenário os Requerimentos encaminhados à Mesa.

 

(Obs: Foram aprovados os Requerimentos, conforme consta na Ata.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passaremos a seguir ao Grande Expediente.

 

O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro seja transferido o Grande Expediente para a próxima Sessão.

 

O SR. PRESIDENTE: Não temos "quorum" para apreciar seu Requerimento, Vereador.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Solicito nova verificação de "quorum".

 

O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Solicito ao Sr. 3º Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para verificação de "quorum".

 

O SR. 3º SECRETÁRIO: (Procede à verificação de "quorum".) Não há "quorum", Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: Não havendo "quorum", está encerrada a Sessão.

 

(Levanta-se a Sessão às 16h03min.)

 

* * * * *